6h02 - "Feeling my way through the darkness..." - é o som de que está na hora de alguém acordar. E esse alguém não era eu, tinha pelo menos 2h pela frente.
Por algum motivo eu acordei. Repeti o ritual de todos os dias: estiquei os braços, as costas, as pernas. Abri os olhos devagar olhando para o teto. Deitei de bruços e olhei pra janela.
(Exatamente como faço em todos os dias, é uma espécie de "processo" que me faz voltar aos poucos à realidade.
Olhei o celular.
Coincidentemente ou não, depois de tantos dias de sol e calor, adivinhe? Hoje estava chovendo.
Exatamente como nós.
E depois de ler o que eu li, eu caí em mim: puta que pariu, eu não tenho o controle de absolutamente nada nessa situação toda.
Por mais que eu ache que eu posso sair disso quando eu bem entender, que eu estou por cima da carne seca e que essa brincadeira vai durar até quando eu achar que tem que durar, isso tudo é uma grande e bela mentira.
Mentira que eu conto pra mim e pra quem tenta me dar o mais sábio dos conselhos: "Não se envolva nessa brincadeira! Você vai cair!!"
Me encanta a preocupação. Mas sério? Vocês falam isso pra mim?
Esse poço de intensidade que não tá nem aí pro conselho de vocês? No final eu sempre faço o que eu quero e como eu quero. Vocês sabem disso.
Eu sempre fui assim, desde pequena. Sempre corri, me joguei, quebrei a cara e levantei sozinha.
Sou intensa, sou minha e de mais ninguém. Faço o que meu eu me pede porque no final, sou eu que tenho que me encarar. Eu que lido com os meus atos e consequências, sozinha, frente a frente.
Quem te disse o que fazer, meu amigo, não vai estar lá quando tudo desmoronar. Não adianta: não vai estar! Então faça por você e por mais ninguém.
Então eu me vi parada, lendo, supondo, tentando entender e não chegando à conclusão nenhuma. A unica conclusão que eu cheguei era que e a rédea não estava na minha mão enquanto eu achei que estava.
Que quando você menos espera, algo pode vir e mudar tudo que você tinha como certo até então - por mais que eu e todos sabíamos que de certo isso não tem nada, em nenhuma esfera, em nenhum plano. Apenas nos segundos que a gente congela pra lembrar depois.
Li, reli, pensei, reli e voltei a olhar pro teto.
Levantei. O que eu ia fazer duas horas antes do meu horário a não ser matutar essa dúvida que tava plantada em mim e que eu não terei resposta?
Mesmo frio, tomei um banho gelado.
Acordei.
E tô aqui... achando que chegou a hora de parar de brincar. Comigo. Com você. Com ela. Com a gente. Com sentimentos. Com a vida.
Que venha o que vier.