Foi uma semana pesada, foi um mês pesado, tem sido tão difícil.
Resolvi naquele dia, sair por aí e diminuir um pouco o sufoco que era te guardar aqui dentro em silêncio, o sufoco que era guardar toda essa intensidade, que era guardar tudo isso no meu quarto, em pedaços de papéis, em notas que eu escrevo, em pensamentos que eu não divido, em mensagens que eu apago, em sorrisos falsos que eu dou pra todo mundo quando eu estou desabando por dentro.
Saí por aí e encontrei um bêbado no metrô.
Ele percebeu que tudo estava errado comigo - talvez pelos meus olhos mareados.
Conversamos, ele me deu uma rosa e me propôs que eu lhe falasse tudo que estava dentro de mim como se ele fosse você - afinal, ele não lembraria de nada disso amanhã.
Pois é. ele chorou - assim como você chorou aquele dia falando de nós.
Ele chorou como eu choro quando me vejo me forçando a esquecer uma coisa tão forte e sem explicação desse jeito.
Ele chorou de emoção ao ouvir tudo que eu disse e falou que não poderíamos deixar de lutar a favor disso que nós dois tínhamos - nesse momento ele tentava me convencer como se fosse você, mas chorava por ele mesmo... por ouvir tudo que ouviu.
Ele me disse que ele faria o que fosse possível e impossível para fazer isso acontecer, que era muito difícil mas ele sabia que era um cara de muita sorte.
Ele me disse que com o tempo eu saberia a resposta e que tinha certeza que faria a escolha certa.
Ele me disse também que éramos apaixonados um pelo outro e quiçá nos amávamos - aí já era ele, não mais você.
Arrancou de mim tudo que eu queria te falar e me falou tudo o que você queria me falar e não falou.
Mas de uma coisa eu tenho certeza que ele está certo: com o tempo eu vou saber as respostas e você fará a escolha certa...
...para alguém.