dois mil e dezenove tinha sido um ano e tanto... vivi tantas coisas, tantas decepções, tantos aprendizados, tantos renascimentos, me perdi, me encontrei, entrei no mais profundo do meu ser e renasci.
passei o ano novo em um retiro espiritual: 10 intensos dias de trabalhos voltados para o autoconhecimento e espiritualidade, sem álcool, sem distrações, sem nada além do rio Piracanga e meu ser interior.
dois mil e vinte chegou.
mal sabia eu que era uma escola, quase que um curso intensivo, pra me preparar para o que viria pela frente.
teve (está tendo) a pandemia, que loucura, né?
o mundo inteiro voltado pra dentro, finalmente em união, passando pela mesma coisa - cada um no seu estágio de consciência e no seu estado perante a sociedade (uns com muito e outros com muito pouco).
falando sobre voltar pra dentro... fui jogada pra dentro num mergulho forte, profundo, sem balão de oxigênio. VAI!
meu pai estava doente há muito tempo - parkinson, policetemia vera, tromboembolia pulmonar... a lista é grande e eu já nem sei muito bem onde começa a onde termina. o que sei é que há 01 ano ele começou a apresentar profundos sinais de perda de consciência. esse foi o momento que comecei a lidar com a morte do meu pai (09/08/2019). afinal, ele estava vivo mas nunca mais poderia ligar pra ele pra pedir um conselho de trabalho, ligar pra contar minha inúmeras discussões com a minha mãe, pedir pra ele me levar pra cima e pra baixo ou simplesmente ligar pra pedir desculpas pela minha ausência e ouvi-lo brincar "Camila? Quem é Camila? Não conheço nenhuma!!" - dessa vez poderia ser verdade que ele não lembraria. depois de 01 ano de muitas questões internas, sustos, hospitais, a sensação de desespero a cada ligação, no dia 18/07/2020, ele foi pro hospital. internou, trocou de hospital, ficou bem, ficou mal, melhorou muito e dia 26/07/2020 piorou de vez, entubou. dia 28/07, aniversário da Rê, desentubou, voltou a consciência pra ela ficar feliz e dia 31/07/2020 faleceu. 13 dias bem desse jeitinho que eu escrevi: corridos, voláteis, intensos.
eu sofri muito, meu papito sempre foi tudo pra mim, né?
mas a dor de vê-lo sofrendo tanto era maior do que a dor de deixa-lo partir em paz... afinal, ele sempre vai estar vivo em mim.
à partir desse dia eu estava aprendendo a lidar com a falta sem um sentimento de dor, tentando transmutar e ressignificar essa dor dia a dia.
até que eu tava conseguindo.
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